Pesquisa divulgada pelo Sebrae revela baixo desempenho sobre o assunto; Com nota 2,2, universidades do Brasil ficam em 50º lugar
Encontrar o tema empreendedorismo em escolas e universidades do Brasil ainda é uma tarefa difícil. No ensino superior a disciplina é voltada para cursos como administração e engenharia, mas deixada em segundo plano nas demais áreas. No ensino médio, apesar de iniciativas como a Estratégia Nacional de Educação Financeira, programa que leva conhecimentos de finanças básicas para alunos de escolas públicas, ainda há muito por fazer.
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2010), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Sebrae, mostrou o tamanho do problema que a ausência do tema empreendedorismo traz para a educação brasileira. Em uma comparação feita por especialistas em 54 países, o tratamento destinado à educação financeira no ensino superior coloca o País na quinquagésima posição. Com nota 2,2 (de máximo 5), o Brasil ficou abaixo da média e atrás de países como Noruega, Bolívia, Jamaica, China e México (primeiro do ranking com 3,6).
O baixo desempenho das universidades brasileiras é um reflexo da pouca relevância dada ao tema. Em algumas redes de ensino como as federais do Pará e de Pernambuco, a disciplina está presente apenas nos cursos técnicos ou relacionados à administração, engenharia e informática. A falta de preparo empresarial fez com que os universitários entrevistados na pesquisa divulgada pelo Sebrae revelassem não receber boa preparação para lidar com empresas em fase de start-up e em crescimento.
“Nossa tradição na escola é formar assalariados e não empreendedores. Entretanto, é mais frequente um dentista abrir seu negócio do que um administrador”, afirma Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae. “Outro problema nas universidades é a falta de incentivo dos professores para que os alunos arrisquem mais.”
Frequência em cursos oferecidos por universidades é baixa
Com a necessidade de aumentar a formação empreendedora dos alunos, algumas instituições vêm inserindo o tema em disciplinas extracurriculares abertas a todos os cursos. Este é o caso do Centro de Desenvolvimento Tecnológico na Universidade de Brasília (UNB) que - em parceria com o Sebrae - oferece disciplinas como Introdução à Atividade Empresarial e Empreendedorismo Para Empresas Juniores. “A abordagem deste tema é interdisciplinar e não tem como objetivo o professor sair dando prova. Queremos proporcionar experiências e desenvolver atitudes empresariais nos alunos”, diz Santos.
Em 60 horas na disciplina introdutória, universitários de qualquer curso aprendem a montar planos de negócios, marketing e finanças. Marina Campos Dessen, coordenadora da escola de empreendedores na UNB, ressalta que os inscritos nesta modalidade enfrentam problemas com os conteúdos abordados. “A abordagem é básica porque eles chegam sem conhecimentos empresariais e, têm dificuldade nas lições de finanças”, afirma. O curso que teve início em 1996 com aproximadamente 100 alunos, possui hoje 450 matriculados. “Apesar da maioria dos alunos ainda vir de cursos como engenharia e ciências da computação, tem crescido a procura na área da saúde”, diz.
A preocupação em desenvolver habilidades empreendedoras também está presente na Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em que a disciplina – criada em 2006 em parceria com o Sebrae - é obrigatória nos cursos de ciência da computação e engenharia de produção, mas optativa em áreas como agronomia, ciências biomédicas e nutrição. “Alguns conceitos empresariais são parecidos com o dia-dia de uma pesquisa e isso ajuda os alunos no aprendizado e na elaboração de um plano de negócio durante as aulas”, afirma Maria de Lourdes Paulino, responsável pelo curso no Instituto de Biociências de Botucatu da Unesp.
A disciplina que atrai principalmente os integrantes de empresas juniores ainda não tem, entretanto, um número grande de matriculados. Em 2010, foram registrados 42 estudantes nos cursos de ciências biológicas e biomédicas, nutrição e física médica. “A disciplina de empreendedorismo e sua importância ainda não são reconhecidas por muitos estudantes, o que explica a baixa procura”, afirma Maria.
Dificuldades ainda no colégio
Quando o assunto é empreendedorismo no ensino fundamental e médio o cenário também não é muito animador. Na avaliação da pesquisa GEM 2010, o País atingiu o penúltimo lugar com nota 1,5 - atrás apenas do Egito. O resultado é um reflexo da pouca repercussão que o tema tem principalmente nas escolas públicas brasileiras.
Em uma tentativa de reverter esse quadro, o Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), criou a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). O projeto piloto teve início em 2010 e foi implementado em 439 escolas voluntárias da rede pública nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Distrito Federal e do Ceará, allém de contar com a participação de outras 452 escolas que foram usadas para monitoramento.
O programa que leva conhecimentos sobre empreendedorismo, educação fiscal e controle financeiro aos alunos de escolas públicas já apresenta resultados nos primeiros seis meses. Avaliações preliminares mostraram que a compreensão financeira dos que participaram do projeto aumentou, já que no tema previdência/ seguro de vida a nota subiu de 5 para 6. “O objetivo é ensinar como a população pode acompanhar suas finanças. Queremos trazer vivências cotidianas para o curso. Iremos incluir o tema empreendedorismo nas disciplinas já existentes no ensino público a partir de 2012”, afirma Jaqueline Moll, diretora de concepções curriculares do Ministério da Educação.
Outro ponto positivo conseguido pela Enef foi que 16% dos estudantes passaram a fazer listas de seus gastos todos os meses, contra 13% do grupo controle. “Queremos que o aluno elabore um planejamento financeiro, organize seu orçamento e compre conscientemente”, afirma José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação dos investidores da CVM. “Tínhamos dúvidas se um jovem que não tem acesso muito ao sistema financeiro ligaria para essas questões, mas o programa tem mostrado o contrário.”
Assim como o método aplicado pelo Coremec, o projeto jovens empreendedores primeiros passos, elaborado pelo Sebrae, também busca ensinar conceitos empresariais para estudantes de escolas públicas. Criado em 2002 pelo Sebrae-SP, o programa tem conteúdo dinâmico e está presente em 11 estados brasileiros, com proposta de nacionalização ainda este ano para o ensino fundamental. Mais de 200 mil alunos já cursaram o programa e outros 7 mil professores foram capacitados para lecionar o conteúdo. “Resolvemos expandir porque o curso de empreendedorismo contribuiu muito para a comunidade e realizou uma mudança cultural entre os alunos”, diz Flavia Azevedo Fernandes, gestora do projeto.
Encontrar o tema empreendedorismo em escolas e universidades do Brasil ainda é uma tarefa difícil. No ensino superior a disciplina é voltada para cursos como administração e engenharia, mas deixada em segundo plano nas demais áreas. No ensino médio, apesar de iniciativas como a Estratégia Nacional de Educação Financeira, programa que leva conhecimentos de finanças básicas para alunos de escolas públicas, ainda há muito por fazer.
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2010), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Sebrae, mostrou o tamanho do problema que a ausência do tema empreendedorismo traz para a educação brasileira. Em uma comparação feita por especialistas em 54 países, o tratamento destinado à educação financeira no ensino superior coloca o País na quinquagésima posição. Com nota 2,2 (de máximo 5), o Brasil ficou abaixo da média e atrás de países como Noruega, Bolívia, Jamaica, China e México (primeiro do ranking com 3,6).
O baixo desempenho das universidades brasileiras é um reflexo da pouca relevância dada ao tema. Em algumas redes de ensino como as federais do Pará e de Pernambuco, a disciplina está presente apenas nos cursos técnicos ou relacionados à administração, engenharia e informática. A falta de preparo empresarial fez com que os universitários entrevistados na pesquisa divulgada pelo Sebrae revelassem não receber boa preparação para lidar com empresas em fase de start-up e em crescimento.
“Nossa tradição na escola é formar assalariados e não empreendedores. Entretanto, é mais frequente um dentista abrir seu negócio do que um administrador”, afirma Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae. “Outro problema nas universidades é a falta de incentivo dos professores para que os alunos arrisquem mais.”
Frequência em cursos oferecidos por universidades é baixa
Com a necessidade de aumentar a formação empreendedora dos alunos, algumas instituições vêm inserindo o tema em disciplinas extracurriculares abertas a todos os cursos. Este é o caso do Centro de Desenvolvimento Tecnológico na Universidade de Brasília (UNB) que - em parceria com o Sebrae - oferece disciplinas como Introdução à Atividade Empresarial e Empreendedorismo Para Empresas Juniores. “A abordagem deste tema é interdisciplinar e não tem como objetivo o professor sair dando prova. Queremos proporcionar experiências e desenvolver atitudes empresariais nos alunos”, diz Santos.
Em 60 horas na disciplina introdutória, universitários de qualquer curso aprendem a montar planos de negócios, marketing e finanças. Marina Campos Dessen, coordenadora da escola de empreendedores na UNB, ressalta que os inscritos nesta modalidade enfrentam problemas com os conteúdos abordados. “A abordagem é básica porque eles chegam sem conhecimentos empresariais e, têm dificuldade nas lições de finanças”, afirma. O curso que teve início em 1996 com aproximadamente 100 alunos, possui hoje 450 matriculados. “Apesar da maioria dos alunos ainda vir de cursos como engenharia e ciências da computação, tem crescido a procura na área da saúde”, diz.
A preocupação em desenvolver habilidades empreendedoras também está presente na Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em que a disciplina – criada em 2006 em parceria com o Sebrae - é obrigatória nos cursos de ciência da computação e engenharia de produção, mas optativa em áreas como agronomia, ciências biomédicas e nutrição. “Alguns conceitos empresariais são parecidos com o dia-dia de uma pesquisa e isso ajuda os alunos no aprendizado e na elaboração de um plano de negócio durante as aulas”, afirma Maria de Lourdes Paulino, responsável pelo curso no Instituto de Biociências de Botucatu da Unesp.
A disciplina que atrai principalmente os integrantes de empresas juniores ainda não tem, entretanto, um número grande de matriculados. Em 2010, foram registrados 42 estudantes nos cursos de ciências biológicas e biomédicas, nutrição e física médica. “A disciplina de empreendedorismo e sua importância ainda não são reconhecidas por muitos estudantes, o que explica a baixa procura”, afirma Maria.
Dificuldades ainda no colégio
Quando o assunto é empreendedorismo no ensino fundamental e médio o cenário também não é muito animador. Na avaliação da pesquisa GEM 2010, o País atingiu o penúltimo lugar com nota 1,5 - atrás apenas do Egito. O resultado é um reflexo da pouca repercussão que o tema tem principalmente nas escolas públicas brasileiras.
Em uma tentativa de reverter esse quadro, o Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), criou a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). O projeto piloto teve início em 2010 e foi implementado em 439 escolas voluntárias da rede pública nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Distrito Federal e do Ceará, allém de contar com a participação de outras 452 escolas que foram usadas para monitoramento.
O programa que leva conhecimentos sobre empreendedorismo, educação fiscal e controle financeiro aos alunos de escolas públicas já apresenta resultados nos primeiros seis meses. Avaliações preliminares mostraram que a compreensão financeira dos que participaram do projeto aumentou, já que no tema previdência/ seguro de vida a nota subiu de 5 para 6. “O objetivo é ensinar como a população pode acompanhar suas finanças. Queremos trazer vivências cotidianas para o curso. Iremos incluir o tema empreendedorismo nas disciplinas já existentes no ensino público a partir de 2012”, afirma Jaqueline Moll, diretora de concepções curriculares do Ministério da Educação.
Outro ponto positivo conseguido pela Enef foi que 16% dos estudantes passaram a fazer listas de seus gastos todos os meses, contra 13% do grupo controle. “Queremos que o aluno elabore um planejamento financeiro, organize seu orçamento e compre conscientemente”, afirma José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação dos investidores da CVM. “Tínhamos dúvidas se um jovem que não tem acesso muito ao sistema financeiro ligaria para essas questões, mas o programa tem mostrado o contrário.”
Assim como o método aplicado pelo Coremec, o projeto jovens empreendedores primeiros passos, elaborado pelo Sebrae, também busca ensinar conceitos empresariais para estudantes de escolas públicas. Criado em 2002 pelo Sebrae-SP, o programa tem conteúdo dinâmico e está presente em 11 estados brasileiros, com proposta de nacionalização ainda este ano para o ensino fundamental. Mais de 200 mil alunos já cursaram o programa e outros 7 mil professores foram capacitados para lecionar o conteúdo. “Resolvemos expandir porque o curso de empreendedorismo contribuiu muito para a comunidade e realizou uma mudança cultural entre os alunos”, diz Flavia Azevedo Fernandes, gestora do projeto.
Fonte: Portal IG - Economia
O que pode ser feito para melhorar ou ampliar a a educação empreendedora nas escolas públicas e privadas de nossa região? Quais medidas socio-economicas o município pode aplicar para estabelecer o empreendedorismo como cultura em Itabira? Faça seu comentário. Fique a vontade!
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