Iniciativa será a primeira mantida por uma escola de ensino superior particular em Belo Horizonte.
A vocação empreendedora brasileira tem apresentado números crescentes na última década. Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), em 2010 a Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) no Brasil alcançou 17,5%, a maior desde quando a pesquisa começou a ser feita em 2000. A faixa etária considerada é dos 18 aos 64 anos. Na análise da pesquisa, o IBQP afirma que, em números absolutos, apenas a China tem mais empreendedores que o Brasil.
Os bons números, entretanto, não escondem uma das maiores dificuldades dos candidatos a empresários: a falta de uma educação empreendedora. Tradicionalmente as universidades brasileiras dão pouca atenção à formação empreendedora de seus alunos. As incubadoras são a face mais visível da tentativa de muitas escolas mudarem essa realidade.
O Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), lançou o Centro de Inovação e Empreendedorismo (Cine) e a Incubadora de Empresas (Inotec). O projeto é uma parceria entre os institutos de Ciências Sociais (ICS) e de Engenharia e Tecnologia (IET) do UNI-BH e funciona no campus Estoril, na região Oeste da cidade.
Segundo o diretor do ICS, Saulo Carneiro, a implantação do Cine visa reforçar o percurso formativo dos alunos da instituição. “O Centro de Empreendedorismo vai promover o encontro da teoria com o mercado. Será um ponto distintivo do UNI-BH, que visa atender uma demanda do mercado, reforçando, em um trabalho transdisciplinar, os conhecimentos sobre gestão”, explica Carneiro.
O Cine será composto por três pilares: a incubadora Inotec, que vai selecionar projetos por meio de edital no segundo semestre; o centro de pesquisa e capacitação, que irá trabalhar com pesquisas e tendências de mercado, propriedade intelectual, apresentação de produtos, entre outras atividades; e o centro de negócios, que vai concentrar as discussões e ações como rodadas de negócios e encontros empresariais.
Parceiros - A incubadora é a primeira mantida por uma escola de ensino superior particular em Belo Horizonte. São parceiros do projeto o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) e a Rede Mineira de Incubadoras (RMI).
Segundo a coordenadora do Cine, Leila Said, a iniciativa integra um plano maior de atividades ligadas à inovação e empreendedorismo implantado pelo Centro Universitário. “Começamos esse esforço com a criação do Trabalho Interdisciplinar de Graduação (TIG), que estimula os alunos a trabalharem multi e interdisciplinarmente, pensando na geração de conhecimentos e negócios. O resultado é apresentado no circuito acadêmico. Agora, com o Cine, vamos oferecer uma oportunidade dos alunos instrumentalizarem esse conhecimento, aprendendo a ler as condições e demandas do mercado”, afirma Leila Said.
O primeiro edital deve ser lançado no início do segundo semestre. A expectativa, segundo Carneiro, é que já em outubro as primeiras empresas estejam passando pelo processo de pré-incubação e que no início de 2013 as atividades da incubadora estejam totalmente implementadas. Cerca de seis projetos deverão ser selecionados.
Poderão apresentar projetos alunos da graduação, pós-graduação, professores e ex-alunos, que serão avaliados por uma banca. Os aprovados seguirão para a pré-incubação, que pode durar entre seis meses e um ano e a incubação até dois anos. “Queremos, antes de tudo, formar cidadãos que saibam gerenciar seus conhecimentos. Que possam interpretar cenários, formar associação com outros profissionais, e compreender o processo de crescimento e inovação das suas atividades e empresas. O simples uso da tecnologia não garante a inovação. Muitas vezes, o diferencial está na metodologia empregada ou em uma nova aplicação de recursos de produção”, avalia a professora.
Além de valores como a inovação e o empreendedorismo, a coordenadora faz questão de ressaltar o viés fundamental da incubação de uma empresa: o econômico. “Vamos trabalhar todos os pilares para criação e desenvolvimento de uma empresa saudável. Valores como a responsabilidade social e ambiental, as melhores práticas de gestão e marketing, o conceito de marca e propriedade intelectual, entre outros, mas sem esquecer que nada disso adianta se o projeto não tiver viabilidade econômica. Desejamos que ao sair da Inotec as empresas caminhem na direção do desenvolvimento, ajudando o país a crescer, com a criação de emprego e geração de renda”, completa Leila Said.
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