Empreendedores precisam se organizar para pedir medidas de
desenvolvimento à próxima administração
Por André Martins*
O tema das eleições municipais não poderia faltar na coluna.
Não para falar de política partidária, mas da política que pode fazer de São
Paulo uma cidade capaz de promover e apoiar o empreendedorismo e a inovação.
Como os empreendedores da cidade de São Paulo se sentem quando vão abrir um
comércio na rua, um escritório de serviços, uma pequena fábrica, uma empresa de
tecnologia etc.? São encarados como “inimigos” do município. Isso não é uma
política desta ou de outra administração. É uma política vigente há muito tempo
em nossa cidade.
O que queremos do próximo prefeito? Queremos atenção àqueles que promovem a
geração de empregos e de desenvolvimento e pagam impostos para a cidade. Para
isso, o próximo prefeito tem que inovar, ser ousado e tirar a burocracia
municipal da atual zona de conforto. Precisa adotar uma política que possa
deixar claras as regras, e que sejam poucas regras, para os novos negócios na
cidade. Regras claras exigem, além da vontade do prefeito, gestores públicos
capazes e com ferramentas para atuar. Existem institutos especializados em
melhorar a gestão pública com objetivo de ganhar a eficiência necessária para
promover um movimento de geração de novas empresas na principal cidade da
América Latina.
Uma licença pode demorar alguns anos para ser obtida (você, empreendedor, sabe
bem disso), o que faz com que parte dos negócios fique na informalidade,
alimentando o círculo vicioso que não gera estatística positiva, não emprega
mão de obra formal, não recolhe tributos etc. Para refletirmos, e até mesmo cobrar
do próximo prefeito, penso em uma medida para acelerar as autorizações de
funcionamento das empresas. Isso traria segurança jurídica e estimularia a
formalização dos negócios. O município precisa ter como princípio atrair as
empresas formais, não espantá-las. Um dos grandes problemas é enfrentar a
máquina instalada para fiscalizar, onde se fixam alguns maus servidores e,
consequentemente, cria-se um terreno propício para a corrupção.
Outro ponto é estimular centros de informática a se tornarem centros de
startups. Existe um projeto desse tipo em andamento, gerido pelo empreendedor
Marcelo Pimenta, com o objetivo de transformar lan houses em incubadoras.
Esses centros poderiam ser incentivados a ocupar as áreas de maior densidade
residencial – assim tratando também de um segundo (e grave) problema, a
mobilidade. Se as pessoas puderem trabalhar perto de suas residências,
diminuiremos significativamente os deslocamentos e consequentemente o trânsito.
Também desejável seria a promoção de eventos de intercâmbio cultural com
cidades e países que já implantaram áreas de desenvolvimento de novas empresas.
Ou ainda a criação de uma secretaria que tivesse como missão abrir a cidade
para as oportunidades de investimento entre o público e o privado, focada nas
micro e pequenas empresas.
Tenho certeza de que você já teve ou já ouviu muitas outras ideias. Não vou me
alongar, mas concluir com um chamado. Podemos fazer política sem sermos
políticos. Basta que cobremos que os políticos façam aquilo que achamos
correto. Para isso devemos nos organizar e encaminhar nossos motivos e
avaliações ao poder público. A cidade, a política e todos nós ganharemos muito
com uma sociedade organizada.
* André Martins é presidente da VB Serviços e do JLIDE e sócio do Ponto de
Contato e Filmland
Fonte: PEGN online.
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