quarta-feira, 7 de julho de 2010

Empresários terão apoio tecnológico para inovação

Sebrae, CNI e MCT vão investir cerca de R$ 100 milhões na capacitação de empresários e na criação de núcleos setoriais de apoio à pesquisa e desenvolvimento tecnológico

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) vão investir cerca de R$ 100 milhões num projeto que pretende incentivar a gestão da inovação na indústria brasileira, especialmente nas empresas de micro e pequeno porte desse segmento. O acordo foi anunciado nesta segunda-feira (28/06) em São Paulo e deve ser oficializado na semana que vem, com o início do programa.

Os recursos serão usados na criação de 20 núcleos estaduais e setoriais de apoio à pesquisa e desenvolvimento tecnológico, cada um deles num Estado brasileiro. Esses núcleos incentivarão as empresas a investir em novos produtos e processos e orientarão empresários e dirigentes empresariais a preparar e implantar projetos de inovação. "A ideia é gerar em torno da inovação a mesma mobilização iniciada no Brasil nas décadas de 80 e 90 para a gestão da qualidade, com a adoção dos Isos", disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

A confederação e o Sebrae vão contribuir com R$ 50 milhões para o projeto. A outra metade será alocada pelo MCT, que promete lançar edital já na próxima semana definindo o valor exato de sua participação. Com os recursos em mãos, os três órgãos darão início a uma série de eventos nacionais, que pretendem atrair cerca de 18 mil empresas para workshops, palestras e cursos sobre inovação. "Vamos incentivar os empresários a implementarem processos novos em canais de venda, marketing, comercialização, tudo com foco no aumento da competitividade", explica Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae.

A criação de uma rede de núcleos de inovação é uma das ações da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), projeto da CNI que articula líderes empresarias e parceiros como o Sebrae com o objetivo de fazer da inovação um tema permanente dentro das empresas brasileiras. Eles atuam na mobilização, capacitação e apoio às empresas nas atividades de gestão da inovação.

Segundo Robson Andrade, nos núcleos, as empresas deverão ser capacitadas em gestão da inovação, no diagnóstico da situação de inovação da empresa e terão assessoria empresarial para elaboração de planos e projetos de gestão da inovação.

Ao fim desse processo de mobilização, as entidades estimam que cerca de 2,4 mil empresas estejam aptas e dispostas a "inovar". Nas etapas seguintes, os empresários serão orientados na elaboração dos projetos e em como executá-los tendo a ajuda de consultorias sofisticadas nas próprias federações da indústria ou em associações setoriais. "Não existe uma receita pronta para inovação. Cada caso é um caso e terá de ser estudado à parte", diz Santos.

Financiamento

As empresas terão apoio também na hora de ir atrás dos recursos para fazerem os projetos saírem do papel. "Podem ser recursos próprios, do BNDES ou qualquer outra forma de capitalização que a empresa considere conveniente", diz Andrade. "Vamos ajudá-los a buscar essas linhas de crédito", concluiu o representante da CNI, ao esclarecer que os R$ 100 milhões destinados a esse programa não serão repassados diretamente às empresas por meio de financiamento, mas sim usados na capacitação.

Em maio, a CNI apresentou aos principais candidatos à Presidência da República uma lista de propostas que passam por ajustes tributários, de infraestrutura e até ambientais que visam ao aumento da competitividade industrial brasileira. "E o tema central da competitividade é a inovação", diz Andrade. Só assim, segundo ele, as indústrias brasileiras terão condições de competir no mercado doméstico e internacional com as estrangeiras.

Um exemplo de empresa que tem conseguido se diferenciar por causa da inovação é a Democrata, fabricante de calçados de Franca, interior de São Paulo. Esse é um case que o diretor técnico do Sebrae, Carlos Alberto Santos, costuma citar quando o assunto é inovação. Ao desenvolver um solado com amortecimento, a empresa conseguiu se diferenciar no exterior e amenizar a concorrência com os sapatos chineses vendidos a preços muito baixos. "Mudar processos tem um custo, mas essa é uma prova de que dá resultados", diz Santos.

Duas razões para as empresas investirem em inovação

1. No Brasil, só 1% do PIB é investido em ciência, tecnologia e inovação ? metade disso vem da iniciativa privada e a outra metade do governo. Em países desenvolvidos esse porcentual chega a 3% do PIB.

2. A inovação está entre as principais estratégias das empresas para melhorar sua competitividade. É um dos fatores que mais diferenciam produtos.


(Fonte: O Estado de S. Paulo)

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