segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Como ser ou não ser, eis a questão

Como ser ou não ser, eis a questão

Guilherme Ari Plonski, presidente da Anprotec.

A recorrência de questões existenciais na vida dos indivíduos é saudável. Na literatura e nas artes, encontramos a sua expressão mais contundente.

Na genial peça de Shakespeare, Hamlet, príncipe da Dinamarca, inicia com a conhecida formulação ser ou não ser, eis a questão um longo monólogo sobre como lidar com as desventuras que provêm da (deusa romana) Fortuna.

Quando formuladas por pessoas jurídicas, elas são denominadas questões estratégicas. No âmbito privado, é exemplar a discussão sobre qual deve ser a missão de uma organização. Na esfera pública, essas questões enfocam o projeto desejável para o país ou região.

No presente limiar da segunda década do século 21, é oportuno cuidarmos de questão fundamental que vai além do que ser: como ser? Essa nova demanda se manifesta em três predicados essenciais para o avanço das sociedades em direção aos seus objetivos maiores.

O empreendedorismo, em suas variadas formas, é percebido como emblemático da desejável dinâmica de uma organização ou comunidade. A versão mais recente do Global Entrepreneurship Monitor propõe um diamante do desenvolvimento, cujas quatro facetas são o empreendedorismo, a liberdade econômica, a competitividade e o custo de fazer negócios.

Contudo, os resultados nacionais continuam mostrando não ser o empreendedorismo isoladamente capaz de alterar a trajetória de uma sociedade. A proporção da população entre 18 e 64 anos envolvida com empreendedorismo é significativamente menor em nações desenvolvidas. Ilustra o contraste a fração de 46% na Bolívia e de 8% na Alemanha.

Ademais, o empreendedorismo não deve ser valor absoluto, já que em anos recentes houve um crescimento notável de sua presença no crime organizado, terrorismo e o quarto setor. A inovação se consolidou na primeira década deste século como objeto de desejo de organizações e nações. Desde o estudo pioneiro de Robert Solow em 1957, levantamentos sucessivos evidenciam os benefícios tangíveis da inovação para a competitividade de empresas e para a riqueza de regiões e nações.

Entretanto, levantam-se vozes alertando para os riscos da inovação desenfreada. Assim, o jornal Financial Times publicou, em 13/10/2008, artigo sobre a crise financeira com o título Um sistema oprimido pela inovação.

A sustentabilidade é o predicado emergente. Em que pese a frustração decorrente dos resultados parcos da reunião de Copenhague, ela tende a se estender mais além dos movimentos sociais, afirmando-se como um dos eixos estruturantes nos setores privado e público. E, à semelhança dos outros dois, será crescentemente entendida de forma abrangente, compreendendo além da ambiental, também as dimensões econômica, social e cultural.

Empreendedorismo, inovação e sustentabilidade são componentes relevantes da resposta ao como ser. A sua efetividade aumenta substancialmente ao promovê-las de forma integrada: empreendedorismo e inovação constituem as duas faces da moeda do desenvolvimento, já a sustentabilidade contribui para que se ganhe e aplique de forma válida.

Como ser ou não ser, Eis a solução!

Fonte: Brasil Econômico

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